Mudar é difícil, não mudar é fatal

Credit: AZ Quotes

Há alguns anos me inscrevi em um curso de inglês da “Assossiação Internacional” da minha cidade, apesar de achar que estava velho demais (33 anos) para aprender o idioma da terra do “Tio Sam“. Era uma aula experimental de 40 minutos de duração com um professor australiano que falava somente inglês.

Para mim era algo completamente novo, apesar de gostar de aprender idiomas, nunca tinha frequentado uma sala de aula, foi algo inédito, e uma experiência enriquecedora que ajudou-me a ter uma visão diferente e a quebrar alguns preconceitos que eu tinha a respeito de estudo em grupos e idade para aprendizado.

“O progresso é impossível sem mudança; e aqueles que não conseguem mudar as suas mentes não conseguem mudar nada.”

George Bernard Shaw 

Era uma terça-feira, a aula se iniciaria às 10h da manhã, cheguei uns 20 minutos antes para preencher a ficha de inscrição, confesso que já estava com aquele friozinho na barriga, terminei de preencher a ficha e em seguida, levaram-me até a sala de aula onde estavam os alunos aguardando o professor. Todos os alunos eram japoneses de idade avançada (faixa etária de 60 anos, sem exagero nenhum), quando eu entrei na sala todos me olharam com uma cara de tipo: – Nossa! Ele é estrangeiro e não fala inglês? E, eu olhava com uma cara de tipo: – Será que entrei na sala errada? Bom, essa foi a minha impressão naquele exato momento.

Professor entrou na sala, cumprimentou a todos e deu início à aula. Estavamos sentados em círculo, ao meu lado esquerdo quatro pessoas, do meu lado direito mais quatro pessoas e por fim à minha frente o professor, o professor levantou-se e começou a falar a respeito da tarefa que tinha passado na última aula, após terminar mencionou a todos sobre à minha presença.

As minha pernas tremiam, a barriga já estava congelada e a voz quase não saía, pensei que me pediria para eu me apresentar à turma (algo que não aconteceu), depois de 10 minutos de interação com o professor e com os outros alunos, eu já estava mais relaxado e confiante para falar sem medo de errar, afinal, o “erro” faz parte do processo de aprendizado, não é mesmo?!

Proseguindo com a aula o professor fez a seguinte pergunta: “Como foi o seu fim de semana?” e pediu para que todos respondesse, rodando no sentido horário, um a um contou como tinha sido seu fim de semana, inclusive, eu. Fiquei cerca de 35 minutos escutando como tinha sido o fim de semana de pessoas que eu não conhecia, em um idoma que não era deles e tampouco dominavam.

Todos com suas dificuldades em particular, porém, não desistiam de tentar se expressar, mesmo quando faltava vocabulário, e com a ajuda do professor, um a um foi conseguindo contar como havia sido seu fim de semana, inclusive, eu.

Durante a nossa conversa na aula, meu coração se encheu de alegria ao perceber que todos aqueles senhores aposentados, estavam ali tendo aulas de inglês por livre e espontânea vontade, apenas para preencher um horário vago em suas agendas nas manhãs de terça-feira a fim de aprender algo novo.

Foi uma aula dinâmica, descontraída e super divertida, apesar de não poder dar continuidade às aulas, devido ao meu horário de trabalho, aprendi coisas que carrego e coloco em prática no meu dia a dia. Nesse dia tive o privilégio de aprender com aqueles senhores que:

  • Nunca é tarde demais pra aprender algo novo;
  • Nunca devemos parar de aprender;
  • Não importa a sua idade, nunca se acomode;
  • A interação em grupo ajuda no desenvolvimento de aprendizagem ;
  • Sair da zona de conforto nos dá outra visão para o futuro;
  • Não tenha medo de envelhecer, tenha medo de ficar improdutivo.

 “ Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. ”

Raul Seixas

Raul Seixas tem razão ao dizer que prefere ser uma metamorfose, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo, porque não há nada que a gente não possa aprender e evoluir como seres humanos, querendo, ou não, mudanças acontecem constantemente em nossas vidas desde que viémos ao mundo.

” Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. “

Heráclito

Talvez a vida seja como o rio de Heráclito, pois ela já não é a mesma, e nós também não. Dessa forma encare as mudanças como novas oportunidades, e lá na frente você entenderá que mudanças não são apenas necessárias, mas sim inevitáveis e resisti-las pode ser fatal.

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